Trabalho de Movimento Operário

TRABALHO DE SOCIOLOGIA

 

 

Filosofia/2010 – UEPA

 

O MOVIMENTO OPERÁRIO E OS “NOVOS” MOVIMENTOS SOCIAIS

 

O MOVIMENTO OPERÁRIO

O movimento operário foi a esperança, em um determinado momento da história, de libertar a sociedade da destruição capitalista.

Em meados do Século XIX, com a avançada industrialização da maioria dos países europeus, dos Estados unidos e do Japão, e com a consequente exploração dos trabalhadores, tornou-se possível à identificação dos operários e a unificação de suas lutas, fazendo com que o movimento operário assumisse um caráter internacional.

Pela primeira vez, foi vislumbrada a possibilidade do fim da opressão de classes, alcançando, com isso, a tão sonhada construção de uma sociedade de homens iguais e livres, pois o movimento operário apresentava-se com uma teoria revolucionária para este fim.

Todavia, nada aconteceu de repente, foram necessárias muitas lutas, com o derramamento de muito sangue dos trabalhadores, para que se chegasse nesse patamar de organização do movimento operário.

O começo da insatisfação dos trabalhadores industriais ocorreu em função da excessiva carga horária de trabalho, a exploração de mulheres e crianças na realização do trabalho industrial, o crescente número de acidentes de trabalhos, pois os operários cansados e mal alimentados ficavam mais expostos a esses acidentes, assim como as condições sub-humanas em que viviam, em relação à habitação, saúde e alimentação, originando, assim, o movimento operário, no qual os trabalhadores foram se posicionando contrários as condições de vida que o capitalismo estava lhe impondo.

As lutas dos trabalhadores, que inicialmente tinham como objetivo relações trabalhistas, como redução da carga horária e aumento de salário, foram ficando cada vez mais organizada, saindo do campo trabalhista.

Os únicos instrumentos que os trabalhadores possuíam para enfrentar os industriais eram as greves e as ações de quebra-quebra de máquinas e fábricas, pois os mesmos não tinham nenhum representante para falar por eles.

No entanto, essas ações eram muito poderosas, pois ocasionava grandes prejuízos aos industriais, gerando uma proibição de qualquer tipo de manifestação, e até mesmo de associação, por parte dos operários, utilizando-se do argumento de que não deveria haver o interesse de classes, e sim, apenas o interesse particular e o geral.

 

IDEIAS SOCIALISTAS

A despeito das proibições citadas acima, em 1796, foi lançado o Manifesto dos Plebeus, lançado por Francois Babeuf, líder dos “iguais”, no qual criticava a propriedade privada e sugeria a socialização dos meios de produção.

As próprias necessidades, como dito acima, do processo industrial, como a concentração das máquinas e fábricas e a concentração de mão-de-obra na cidade, facilitaram a identificação e a organização dos operários, que mesmo com toda repressão, continuavam se organizando, deflagrando greves e utilizando jornais clandestinos para propagarem suas ideias.

Nesse contexto, onde o capitalismo se consolida como força dominante, ressurgem as ideias socialistas, cujas origens eram de séculos passados, voltando à cena influenciadas pelos filósofos iluministas, principalmente Rousseau.

O ideal de uma sociedade igualitária foi proposto por três pensadores, que mais tardes ficaram conhecidos como socialistas utópicos, Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen, os dois primeiros na França enquanto o terceiro na Inglaterra.

Saint-Simon propôs um governo, no qual a propriedade deveria ser em benefício de todos, Charles Fourier fundou pequenas comunidades socialistas, enquanto que Robert Owen revolucionou as relações de trabalho em sua própria fábrica, com ações como a diminuição da carga horária, a proibição as crianças de trabalhem criando creches gratuitas e casas de amparo para trabalhadores doentes.

Tais ideias não foram adiante, no entanto, causaram uma enorme repercussão na classe trabalhadora mundial, pois eram baseadas na crítica do sistema de produção capitalista.

Com a resistência ao regime pelos operários, os impedimentos legais de associação começaram a ser derrubados e, em 1834, foi criada a primeira central sindical dos trabalhadores (Grand National Consolidated Trade), com 150 sindicatos e 80 mil filiados, além de um jornal, A Voz do Povo, com tiragem de 30 mil exemplares.

Na metade do Século XIX, Os operários começaram a reivindicar participação no sistema político, tendo surgido, nesse período, O Movimento Cartista, que agitou a Inglaterra e tinha como objetivo o fim do voto qualificado por renda, tornando-se universal e secreto, e pagamento aos membros do Parlamento, para que os operários pudessem fazer parte dele.

Em 1847, fio criado a Liga Comunista, órgão composto por pessoas de várias nacionalidades com o objetivo de unificação do movimento operário em todo mundo para combater o inimigo comum, o capitalismo.

Em 1862, trabalhadores franceses e ingleses fundam a Associação Internacional dos Trabalhadores- AIT, que ficou conhecida como A Primeira Internacional, com o objetivo de unificar as lutas dos trabalhadores.

No ano de 1886, no dia 1º de maio, após manifestações de ruas e greves por redução da jornada de trabalho, em Chicago, nos Estados Unidos, ocorreu um intenso conflito entre policiais e trabalhadores, onde o saldo foi dezenas de mortos, sendo a responsabilidade do conflito, atribuída a oito líderes da manifestação.

No ano de 1889, sob a hegemonia do pensamento marxista, foi criada a Segunda Internacional, com o mesmo objetivo da primeira e, dois anos depois, foi instituído, pela Segunda Internacional, o 1º de maio como um dia de festa dos trabalhadores em todo mundo.

A VISÃO MARXISTA

O Manifesto do Partido Comunista, documento redigido por Marx e Engels, estabelecia os fundamentos teóricos e os objetivos do movimento operário internacional, no entanto, desde a criação da Liga Comunista, diversas teorias políticas disputavam entre si o controle e operação do movimento operário internacional, como os anarquistas, por exemplo.

O ponto de vista de Marx e Engels se diferenciava dos pensadores socialistas da época, pois acreditavam que o Estado é o produto das relações dos homens, acreditando a revolução só poderia ser alcançada por meio da luta revolucionária dos trabalhadores.

Para Marx e Engels, a luta revolucionária consistia na tomada do poder do estado pelo proletariado, pois assim seriam abolidas não só as classes sociais, mas o próprio Estado.

Suas idéias eram baseadas no desenvolvimento do capitalismo.

Marx e Engels viam a classe operária como uma classe revolucionária, pois o proletariado não exigia a criação de uma nova classe e sim uma sociedade sem classes.

O movimento operário chega ao fim do Século XIX com uma consciência crítica, tendo consciência de seu papel nas transformações sociais.

Com a tomada do Estado pelos operários, na Revolução Russa em 1917, o capitalismo constatou o nível de organização dos trabalhadores e criou o Estado do Bem-Estar Social, onde são criadas diversas políticas públicas, deixando as lutas da classe operária meramente no âmbito trabalhista, não deixando, o Estado de fornecer subsídios para a continuação do sistema capitalista.

Com a criação do Estado do Bem-Estar Social, o surgimento do facismo e o fracasso do regime socialista na União Soviética, ocorre o esfriamento do movimento operário, em meados do Século XX.

OS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS

São assim chamados porque são diferentes em relação aos movimentos clássicos, por terem sido criados em contextos diferentes, a partir do capitalismo monopolista.

Entre 1940 e 1960, com o desenvolvimento das ciências, o homem passou a ter domínio das tecnologias. Houve uma mudança na classe média, onde várias classes de trabalhadores atingiram esse patamar. Esses fatores somados a expansão dos meios de comunicação criou o sonho da modernidade, sendo os Estados Unidos o símbolo de tal sonho.

A partir de 1960, o Estado perdeu a capacidade de financiar o pleno emprego, colocando em risco, novamente, o sistema capitalista. Com o surgimento dos novos problemas, nascem os novos movimentos sociais, para apresentar, mais uma vez, a esperança de construção de uma sociedade mais justa, pois fica evidenciado que somos, ao mesmo tempo, capazes de gerar muita riqueza e muita exclusão.

O SURGIMENTO DE NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Surgem os movimentos ecológicos com duas correntes: ambientais e conservadoras; Ambas combatem o modelo de desenvolvimento autodestrutivo, que põe em risco a sociedade humana.

Os valores da modernidade revolucionaram os valores tradicionais, gerando novos comportamentos, como os movimentos feministas, que derrubam velhos tabus, assim como a juventude que se rebela contra valores burgueses, utilizando para isso a música (rock).

Surgem, ainda, o movimento hippie que ataca a sociedade de consumo e os movimentos estudantis que questionam os currículos escolares, questionando, também, a forma da educação voltada para a preservação da sociedade de consumo, assim como o movimento negro e o movimento indígena.

Esses movimentos lutam por direitos políticos e sociais, e até pela perda da legitimidade do estado, pelo direito de divisão da riqueza social, e, todos eles, criticam o dogmatismo revolucionário característico do movimento operário.

Os novos movimentos não estão voltados para a tomada do poder do Estado, e sim para organização de uma sociedade voltada para todos, objetivo esse que perdura até os dias de hoje.